4 de agosto de 2007

Sobre o Romance

Lembro-me amiúde da troca ideias com o meu colega Luís Lopes. Ele dizia-me que ler romances tinha mais interesse do que ler ensaios, pois era nesse género que ele encontrava a vida. Eu respondia-lhe que a vida vivia a eu e que preferia beber dos conhecimentos que encontrava nos ensaios. Não mudei muito de ideias desde então, mas já olho para o romance de uma outra maneira. De facto é neste género que se encontra algo que não se pode encontrar em qualquer outro lugar. Algo de especial e único e de difícil definição – pelo menos para mim. É impossível encontrar num ensaio filosófico, antropológico, histórico, ou qualquer outro, qualquer coisa como isto: «…Desenraizaram as árvores, devastaram as vinhas, pisaram as flores. Todos os livros foram esfarrapados ou queimados. Até nesta inofensiva mesa de mármore apuseram as suas marcas bestiais. Porquê? Em nome de quê? Se tal eu soubesse, seria o mais sábio dos homens e poderia aconselhá-los com proveito. O porquê daquela ânsia dementada de destruir deve ser, de todos, o mistério mais bem guardado. Não quis a divindade revelar-mo, apenas que lhe sofresse as consequências» (Mário de Carvalho in Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde).

4 comentários:

pedro vieira disse...

mário claudio? oh homem tu não te desgraces

Luís Daehnhardt disse...

Um pequeno lapso!... Já corrigido.

Luís Daehnhardt disse...

Confundo os dois, não em termos literários, até porque nunca li o outro, mas os nomes. Cenas...

Luís Daehnhardt disse...

... ou, se calhar, porque nunca li o outro...